Resenhando: A sorte do agora – Matthew Quick

Prezado Sr. Richard Gere,

Entre as estantes da biblioteca, lá na seção de literatura estrangeira, encontrei um livro bem interessante. Não que fosse novidade, livros geralmente são interessantes. Não talvez para todo mundo, mas de grande maioria que frequenta a biblioteca. Sorte do agora era o seu nome. E é do mesmo autor de O lado bom da vida, você sabia Richard?

Vou te chamar de Richard. Não que eu tenha intimidade. Até assisti alguns dos seus filmes. Aquele do cachorro eu chorei pacas. Aquele outro, noite de tormenta, também chorei mais um pouquinho. Aliás, que final desnecessário aquele do seu personagem, hein? Mas vou te chamar de Richard, porque depois de ler Bartholomew Neil escrevendo para você 17 grandes cartas, sinto que fazemos parte de uma mesma rede. De um mesmo vínculo.

Engraçado, Richard. Quando comecei a ler este livro, durante uma viagem no metrô, apareceu uma notícia sobre você. Melhor dizendo: sobre seu novo filme. Sincronicidade? Jung? Talvez, Richard. Diga-me você.

Bartholomew me surpreendeu bastante. Um personagem grande, Richard. Não muito comum. Não é um que vejo a cada livro na prateleira. Ele é excêntrico. Assim como seus amigos, seus pais e suas histórias. É de admirar, que aos 39 anos, ele ainda morasse com a sua mãe. Não tivesse tido um relacionamento com alguém. Não tivesse amigos. A não ser um padre, bipolar e alcoólatra. É de admirar ainda mais, Richard, a mudança na vida dele quando sua mãe morre e ele é desafiado a toda essas coisas: ter amigos, emprego e um relacionamento. E como tudo acontece. A sorte do agora dele.

A sua sorte do agora, teoria da mãe do Bartholomew, é nítida durante todo o enredo. E assim como seus koans budistas, não há resposta. Há somente meditação. E eu lembrei, Richard, dos motivos que me fizeram continuar em biblioteconomia, acredita? Pensei em todas coisas ruins que aconteceram para que algo de bom na minha vida acontecesse. Como o fato de uma posição no vestibular, eu fui deixada para a segunda lista de chamada. Fiquei bem apreensiva. Por causa de uma posição, Richard! Uma posição eu fui chamada na outra semana. E o meu avô morreu naquela semana, exatamente no dia em que eu teria que ir ate à universidade fazer a inscrição. Mas como, fiquei para a segunda chamada, fui chamada na outra semana. Meu avô não me viu matriculada na faculdade. Assim, como da vez que eu tentei entrar em Publicidade pelo prouni. Mesmo passando em primeiro lugar, não pude ser contemplada mesmo não tendo dinheiro, com a bolsa. E ainda, quando eu já estagiava na área de biblioteconomia e decidi pagar pela minha faculdade de comunicação. Já tinha sido aprovada no vestibular, me organizado financeiramente e fui mandada embora.

Todas as coisas ruins que me fizeram não cursar publicidade e continuar em biblioteconomia influenciam no que sou agora. Uma quase bibliotecária.

Essa foi a minha sorte do agora. Aprendi com Bartholomew.

E eu já falei tanta coisa aqui e ainda assim termino com a sensação de que não falei um terço do livro. Sobre todas as questões da saúde mental, dos ovnis, das coincidências, das teorias, do fato de ter um bibliotecária, de ter todos aqueles questionamentos filosóficos de quinta e tudo mais. Mas isso é papo para outro dia, Richard.

de sua fã e admiradora,

Andreza Reis

 

 

Nível de doidinha por este livro: 4

 

 


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